A poesia simbolista é uma grande jornada do poeta por ele mesmo. Alienado ao plano físico, o simbolista mergulha no íntimo de sua alma em busca de sensações adormecidas que sejam suficientes para o entendimento de uma nova realidade marcada por crises políticas, econômicas e sociais da época.
Cruz e Sousa é a figura mais importante dessa corrente literária no Brasil. Filho de negros alforriados, o poeta pode ser visto em certas tendências como um neorromântico, uma vez que valoriza seus impulsos pessoais e usa da sua condição de indivíduo negro sofredor como fontes de inspiração poética.
A obsessão pela cor branca é a característica mais marcante de sua obras. Além disso, sua poesia carrega em si traços de satanismo e acentuado pessimismo, intensa musicalidade com tom oratório e melodioso, profundo subjetivismo, linguagem exuberante e desejo permanente de sublimação.
Selecionei alguns dos meus poemas favoritos de Cruz e Sousa (espero que amem tanto quanto eu!). Pensei em adicionar aos poemas uma pequena análise, mas achei melhor deixar que vocês tirem suas próprias conclusões (dizem que quem tem a capacidade de entender um poema simbolista é gênio ou louco, então boa sorte). Se possível, leiam-os em voz alta.
Cruz e Sousa é a figura mais importante dessa corrente literária no Brasil. Filho de negros alforriados, o poeta pode ser visto em certas tendências como um neorromântico, uma vez que valoriza seus impulsos pessoais e usa da sua condição de indivíduo negro sofredor como fontes de inspiração poética.
A obsessão pela cor branca é a característica mais marcante de sua obras. Além disso, sua poesia carrega em si traços de satanismo e acentuado pessimismo, intensa musicalidade com tom oratório e melodioso, profundo subjetivismo, linguagem exuberante e desejo permanente de sublimação.
Selecionei alguns dos meus poemas favoritos de Cruz e Sousa (espero que amem tanto quanto eu!). Pensei em adicionar aos poemas uma pequena análise, mas achei melhor deixar que vocês tirem suas próprias conclusões (dizem que quem tem a capacidade de entender um poema simbolista é gênio ou louco, então boa sorte). Se possível, leiam-os em voz alta.
Antífona(Broquéis, 1893) Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas! Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras Formas do Amor, constelarmente puras, De Virgens e de Santas vaporosas... Brilhos errantes, mádidas frescuras E dolências de lírios e de rosas ... Indefiníveis músicas supremas, Harmonias da Cor e do Perfume... Horas do Ocaso, trêmulas, extremas, Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume... Visões, salmos e cânticos serenos, Surdinas de órgãos flébeis soluçantes... Dormências de volúpicos venenos Sutis e suaves, mórbidos, radiantes... Infinitos espíritos dispersos, Inefáveis, edênicos, aéreos, Fecundai o Mistério destes versos Com a chama ideal de todos os mistérios. Do Sonho as mais azuis diafaneidades Que fuljam, que na Estrofe se levantem E as emoções, todas as castidades Da alma do Verso, pelos versos cantem. Que o pólen de ouro dos mais finos astros Fecunde e inflame a rima clara e ardente... Que brilhe a correção dos alabastros Sonoramente, luminosamente. Forças originais, essência, graça De carnes de mulher, delicadezas... Todo esse eflúvio que por ondas passa Do Éter nas róseas e áureas correntezas... Cristais diluídos de clarões alacres, Desejos, vibrações, ânsias, alentos Fulvas vitórias, triunfamentos acres, Os mais estranhos estremecimentos... Flores negras do tédio e flores vagas De amores vãos, tantálicos, doentios... Fundas vermelhidões de velhas chagas Em sangue, abertas, escorrendo em rios... Tudo! vivo e nervoso e quente e forte, Nos turbilhões quiméricos do Sonho, Passe, cantando, ante o perfil medonho E o tropel cabalístico da Morte... Sinfonias do Ocaso (Broquéis, 1893) Musselinosas como brumas diurnas Descem do acaso as sombras harmoniosas, Sombras veladas e musselinosas Para as profundas solidões noturnas. Sacrários virgens, sacrossantas urnas, Os céus resplendem de sidéreas rosas, Da lua e das Estrelas majestosas Iluminando a escuridão das furnas. Ah! por estes sinfônicos ocasos A terra exala aromas de áureos vasos, Incensos de turíbulos divinos. Os plenilúnios mórbidos vaporam... E como que no Azul plangem e choram Cítaras, harpas, bandolins, violinos... Só uma pequena nota de rodapé: queria fazer um agradecimento ao meu professor de literatura (ele nem vai ver isso, mas vale a intenção) |